21 de abril de 2011

Minha Vida de Dragonete - Parte II

O grupo de alunos deveria ser composto de 4 a 6 pessoas. Optamos por chamar os colegas que já mostravam interesse pelo evento, que se dispuseram a ir à palestra do Cláudio Silveira e que tinham competências a somar, concretamente.
Algumas pessoas recusaram por falta de tempo e excesso de ocupação.
Outras foram convidadas por descuido dos colegas - se tínhamos um limite de 6 pessoas, por quê alguém iria sair convidando 7 ou 10 colegas? Mas aconteceu e o resultado foi que:
- Algumas pessoas se chatearam por terem sido convidadas e depois ficaram no vazio;
- Para não se indispor com os amigos, alguns colegas jogavam diziam que o "grupo" já tinha escolhido fulano e beltrano.

Cada membro do grupo foi cobrado pelos amigos e por professores sobre não ter sido chamado a participar e isso me surpreendeu, porque o concurso é público e a iniciativa é um prazer de cada ser humano. Nunca havíamos falado disso em sala de aula. Nunca tínhamos sido convidados por ninguém. Nós nos convidamos e chamamos pessoas que imaginávamos que teriam a contribuir, num prazo muito, muito apertado.

E foi aos trancos e barrancos, que o grupo foi formado 3 dias depois da palestra do Cláudio Silveira.
Tínhamos uma coleção para desenvolver e aprontar 1 look completo em mais ou menos 2 semanas.

Assim, todas as primeiras idéias que apareceram foram usadas, sem tempo para amadurecer.
Os primeiros conceitos, os primeiros tecidos nas primeiras lojas, os primeiros desenhos. Tínhamos consciência de que faltava maturidade ao trabalho, mas encaramos o risco e fomos em frente. Participar do evento era a nossa obstinação e precisávamos cumprir o prazo.

Pensar num sub-tema para o tema do concurso, Artesanias, foi fácil. Afinal, vivemos no nordeste e o que não falta aqui são idéias sobre artesanias. Mas não queríamos o óbvio.
Pensamos em cabaças, em lendas nordestinas como o cabeça de cuia, em cheiros, sons, cores e imagens até que uma luz apontou no horizonte.

As cerâmicas faziam parte da arte não só em nosso estado, mas em todo o nordeste. Enquanto ia aprofundando a pesquisa, descobri tipos de cerâmicas em outros lugares e países, formas que nem sempre eram trabalhadas por aqui, usos que não eram feitos aqui. Então, concluí que fazer um trabalho sobre cerâmica, com o tempo que dispunha para completar a pesquisa, seria fatal.

Eis a idéia que apresentei: Vamos fazer um trabalho sobre as formas das cerâmicas, independente de onde elas vêm, como são preparadas ou das cores. Vamos celebrar essa união antiqüíssima entre criatividade do Homem, sua habilidade manual e a matéria, a argila.
Com isso, escaparíamos dos regionalismos, não entraríamos nos detalhes sobre tipos de cerâmicas e as culturas que as produziam.

Usaríamos a criatividade e habilidade do artesão, que ficam impressas em cada parte perfeita e principalmente imperfeita da peça pronta. 


As marcas dos seus dedos nas tintas, as direções que eles tomaram, o ritmo com que pintou a peça. A cerâmica carrega seu criador em cada detalhe. 




Usaríamos o movimento da argila, água e mão, as cores do cozimento, os movimentos das tintas e da argila cozida e transformada em cerâmica, com seus riscos, pingos e voltas. 

Chamamos nossa coleção de "Formas e Movimentos". 

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