O rapaz da bilheteria se veste de modo curioso
camisa completa na cor lilás, colete de veludo escuro
umas calças roxas com listras finas e verdes
e uns sapatos pontudos
Segura uma bengala alta e o seu olhar se mantém perdido
como se, diante de tantos rostos, não procurasse por nenhum em particular.
Entrego-lhe o bilhete, tentando escapar do toque dos seus dedos finos
e passo rapidamente pela pesada cortina, sentando-me no alto da arquibancada
Segue o palhaço de roupa preta e branca com um séquito de poodles coloridos
Segue o bravo domador de leão, segue o atirador de facas
Segue o mágico om flores de plástico surgindo de sua capa de cetim
Segue a bailarina, nuns trajes cor de rosa muito esvoaçantes,
pairando sobre nós com movimentos graciosos
O pequeno vendedor de pipoca doce deveria ver meu aceno, mas está boquiaberto
O show se finda com o estrondo da banda
e eu saio dali um pouco mais sonhadora
enquanto a trupe junta seus trapos
para mais uma noite de folia e fome.